5 DÚVIDAS COMUNS SOBRE TREINO
Se treinas num ginásio ou se conheces alguém que o faça, certamente que já ouviste algumas discussões sobre assuntos como “usar cinto”, “treinar descalço”, “repetições e séries”, “cardio”, entre outras. Como em muitas outras coisas, estes assuntos costumam gerar algum debate, sendo que na maioria dos casos os argumentos de cada um assentam nas suas crenças e preferências, muitas vezes associados aos mitos do “diz que disse”. Neste artigo, vamos tentar esmiuçar alguns desses mitos.
O cinto não protege contra lesões! Em alguns casos de pessoas com patologia associada, o cinto poderá estar recomendado, mas a sua real função não é proteger contra lesão. A utilização do cinto durante a execução de um exercício como o agachamento ou peso morto faz com que haja um aumento da pressão intra-abdominal com consequente aumento da capacidade de produção de força e potência, aumento da velocidade e eficiência do movimento. Assim, a sua utilização faz apenas sentido no caso de exercícios dos membros inferiores e com cargas bastantes altas. Utilizar cinto como forma de proteção da coluna ou durante a execução de exercícios de membros superiores é, simplesmente, inútil. O número de lesões, inclusivamente, é maior em pessoas que utilizam cinto. No entanto, esta correlação não está diretamente relacionada com a utilização do cinto, mas sim com o facto de serem utilizadas cargas mais elevadas. Quanto maior a carga, maior o risco, mas também maior será o benefício.
Afinal, devemos fazer os nossos agachamentos e deadlifts descalços ou com calçado? A evidência científica diz-nos que existe vantagem em realizar os exercícios descalço, no entanto, a diferença é muito pouca. Existem vantagens mecânicas relacionadas com o facto da altura da sola aumentar a amplitude de movimento, logo, torna-se mais fácil levantar um peso descalço do que calçado (experimenta levantar a mesma carga de deadlift com a barra a 20 cm e a 40 cm do chão, irás perceber a diferença). Descalço, também irá aumentar a estabilidade do exercício, mas isso está altamente dependente da fisionomia do pé e da própria pessoa (para algumas pessoas estar descalço é desde logo um fator de instabilidade). Assim, treinar descalço ou com calçado deve ser uma escolha de cada um, tendo em conta a forma como se sente mais confortável.
O número de repetições é muitas vezes motivo de confusão para quem treina. Qual o número de repetições certo? A resposta é: depende. Se o objetivo do treino for o ganho de força ou potência o número de repetições por série terá de ser mais baixo. Porquê? Porque só assim conseguiras utilizar cargas mais altas no exercício de forma eficiente, algo essencial para obter ganhos de força. No caso de pretenderes obter ganhos de massa muscular, o número de repetições tende a ser maior de forma a induzir maior dano muscular e hipertrofia. Por vezes, utiliza-se o método de “repetições até à falha”, ou seja, repetir o exercício até à fadiga. A evidência científica diz-nos que este tipo de treino não apresenta mais benefícios que os anteriores, sendo que ainda faz com que sintas mais dificuldade em recuperar e mais dores musculares. Desta forma, a tua capacidade para realizar os próximos exercícios ou treinos poderá estar diminuída.
A tipologia do treino deve ser sempre adaptada à pessoa e ao objetivo. Desta forma, pergunta sempre ao profissional responsável pelo teu treino qual a forma que mais se adapta a si.
Existem imensos tipos e metodologias de treino que reclamam para si o título de “melhor para perder peso”. O treino cardio faz com que gastes uma maior quantidade de calorias durante o próprio treino, uma vez que se trata de um tipo de exercício que vai aumentar a tua frequência cardíaca, por exemplo. Já o treino de musculação, embora não te faça queimar tantas calorias durante o treino, irá fazer com que queimes tantas ou mais (quando comparado com o treino cardio), mas ao longo do dia, uma vez que o nosso organismo irá ter de lidar com o stress e dano imposto ao músculo. Para além disso, quanto maior for a massa muscular, maior será o gasto energético, ou seja, quanto mais massa muscular tiveres, mais calorias vais gastar. Os treinos de alta intensidade, como o HIIT, colhem um bocado do bom dos dois tipos de treino anteriores. Assim, o segredo está no equilíbrio, fazer de tudo um pouco e colher os múltiplos benefícios (que estão longe de ser apenas a perda de peso) que cada tipo de treino acarreta.
Um dos mitos sobre treino é que a perda de peso e gordura através da corrida ou outro tipo de treino está relacionado com a transpiração! Quanto mais suor, mais perda de peso. Esta última frase é verdade, mas apenas porque irá significar que perdeste mais água, água essa que irás repor após o treino! Portanto, suor e perda de peso não é uma boa correlação. A transpiração é apenas uma resposta fisiológica do nosso organismo em relação ao aumento de temperatura corporal, neste caso, imposta pelo exercício. Se o exercício for intenso, irás transpirar mais e queimar mais calorias. No entanto, a real perda de peso ou gordura induzida por esse treino estará relacionada com o gaste energético e não com o facto de transpirar mais ou menos.
Em suma, o treino e o exercício são temas e assuntos mais complexos do que apenas uma questão de “porque sim”. Sendo que mais importante do que o tipo de exercício é mesmo fazê-lo. Se tens um objetivo específico e concreto deves sempre procurar um profissional que te ajude a lográ-lo.